LIDA GENTIL – MATÉRIA COM CÃES DA RAÇA BORDER COLLIE!!

A Lida Gentil!!

A Lida Gentil – Doutora Temple Grandin

Na última reportagem da série sobre lida gentil com a doutora Temple Grandin, do Colorado, a reportagem do Programa Globo Rural vai ao Rio Grande do Sul para mostrar o trabalho de cães pastores que não agridem as outras criações.
“Você tem sempre que tirar vantagem do comportamento animal” – lembrou Temple.
Há como ver isso na prática numa fazenda do Brasil, na beira da Lagoa dos Patos, Rio Grande do Sul, no município de Camaquã. A estância Santa Adalgisa é uma propriedade centenária na criação de bois e ovelhas que, recentemente, adotou um interessante manejo de baixo estresse utilizando cães da raça border collie.
O criador Alexandre Figueiredo associou à tradição pecuária da família o adestramento de cães, que o braço direito dele, o campeiro Jéferson Munhoz, assimilou com perícia. Trabalha com um pequeno apito. Conforme o assobio, é um comando, uma ordem que passa.
O Globo Rural registrou o momento em que tocam um bando de gansos do pasto para o quintal da casa. O objetivo é fazê-los passar em baixo do portão da cerca. Os cães fazem movimentos em ziguezague para tocar. Cercam daqui, cercam de lá e não é que, rapidamente, conseguem levar os gansos para o outro lado.
Jéferson dá outro apito. É para que tragam o bando de volta. “O trabalho é uma diversão para ele. É juntar animais em rebanhos, agrupá-los e levá-los para o chefe, que é o dono” – disse Figueiredo.
Na maior parte dessas atividades de campo o cachorro ovelheiro funciona como se estivesse, digamos assim, no piloto automático. Mas há tarefas que requerem maior precisão de movimentos. Então, o cachorro precisa trabalhar como se estivesse no controle remoto, como, por exemplo, a lida com o boi.
Com o apito, quer dizer, com o controle remoto na boca Jéferson, faz os cachorros levarem a boiada para qualquer direção, para qualquer lugar.
O border collie vem da Grã-Bretanha. Border em inglês quer dizer fronteira. Justamente na fronteira entre a Inglaterra e a Escócia que a raça foi desenvolvida, por volta de 1500. Segundo uma das várias supostas origens da palavra, collie seria o nome de uma das primeiras raças de ovelha que o border collie aprendeu
a pastorear.
Essa habilidade de arrebanhar animais é uma característica genética, um dom que já nasce com o cachorro. Algumas raças têm e outras não. O Alexandre fez um teste de vocação com filhotes de border collie, de 70 dias. “Nesse idade mais ou menos a gente já pode testar o cachorro para ver que tipo de atitude terá diante do rebanho. Se tem o instinto ou não. É no chão que se vê o que ele é capaz de fazer com o rebanho” – disse.
O filhote segue o exemplo de um mais velho, que já conhece o serviço. “Ele não vai para cima do rebanho. A tendência dele é cercar e arrebanhar. A gente já vê olho, estilo, vontade de juntar o rebanho, equilíbrio. Isso demonstra que será um cachorro muito bom se bem treinado” – avaliou Alexandre.
Alexandre explicou que o borfer collie é muito manso. “Não se tem notícia alguma de um border collie ter atacado uma pessoa” – falou.
Ele também não admite agressão por parte do treinador. “Esse cachorro é muito sensível. Um grito forte ou violência física fará um cachorro muito nervoso, que não queira mais colaborar com seu dono. O homem, para tirar proveito, tem que falar a linguagem do cachorro. Sem castigo algum, ele acaba fazendo tudo que é possível com um cachorro treinado” – explicou Alexandre.
O border também aprende a trabalhar em silêncio, pois o cão de pastoreio não pode latir para não estressar o rebanho. Já com um ano de idade, alcança a condição de trabalhar como aí a Milonga e o Capitão que, ajudam o Jéferson a juntar o lote de ovelhas que estavam no pasto.
Jéferson dá as ordens e os dois partem para o serviço. Milonga cobre um flanco. Capitão o outro. O lote de ovelhas tem cerca de 500 cabeças. A abordagem não é em linha reta, como faria um campeiro que, provavelmente, dispersaria mais o rebanho. Os cachorros atocaiam. Fazem uma elipse, uma curva grande com o objetivo de chegar por trás. É o movimento do predador numa emboscada.
Nesse trabalho aquele exercício de linguagem que a doutora Grandin fala acontece em dose dupla: o homem se comunicando com o cão; o cão se entendendo com a ovelha. Só no gesto, só no olhar. Quando assume a postura de ataque, o rebanho anda. Quando pára, se deita e as ovelhas relaxam.

 

A movimentação do cachorro é muito, muito mais rápida que um campeiro a cavalo. O treino alcança um refinamento. Uma apitada é para o cachorro beber água. Correm muito, ficam com sede, mas não podem parar no meio de uma manobra. Só vão ao córrego quando autorizados.
Alexandre disse que o manejo com cães melhorou muito a eficiência na fazenda. “Sobra mais tempo para os peões trabalharem, os animais estão mais calmos e se sabe que a redução do estresse é um fator do aumento de produtividade” – falou.
Fonte: Programa Globo Rural

Um comentário em “LIDA GENTIL – MATÉRIA COM CÃES DA RAÇA BORDER COLLIE!!

  • 19 de novembro de 2016 em 01:20
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    Boa noite. Gostaria de te parabenizar pelas matérias, gostei muito. Obrigada

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