DOMA GENTIL “MONTY ROBERTS O ENCANTADOR DE CAVALOS”

Doma Gentil!!

O encantador de cavalos. ( Monty Roberts O caubói que mudou a história da lida com eqüinos)

A Sensibilidade do Mestre.
Monty Roberts é um famoso “Encantador” de cavalos dos E.U.A que desenvolveu um verdadeiro dicionário Equinês / Humanês e em seguida um método de doma e redoma baseado nesta linguagem, observando como os cavalos selvagens faziam para comunicar-se entre si.
Sua técnica chamada Join Up (juntar-se), que consiste em comunicar-se com o cavalo em seu próprio idioma, convencendo-o a nos aceitar como seu lí­der.

Desta maneira se forma uma união na qual homem e cavalo trabalham juntos em uma relação com base na confiança, comunicação e respeito mútuo.
Pedem-se coisas ao cavalo ao invés de se fazer exigências, conseguindo assim melhores resultados e sem violências.
Ao observar os mustanges em liberdade, Monty viu um potro com uma atitude traquina.
Mordia um, dava coice no outro e não deixava ninguém em paz.
De repente uma égua, a matriarca, foi atrás do potro e colocou-o para fora do grupo.
O potro queria unir-se ao grupo, mas a égua não tirava o olho dele.

 
Enquanto ela mantinha o contato visual, ele não se atrevia a voltar para o grupo, porque isto significaria uma desobediência e ela o atacaria.
Após algum tempo o potro mudou de atitude e abaixou a cabeça levando-a ao chão como se fosse comer e começou a mastigar. Neste momento a égua tirou o olhar do potro e ele juntou-se a manada.
Monty observou que “os olhos nos olhos” como no caso da égua com o potro quer dizer fique longe senão eu ataco.
A atitude do potro de baixar a cabeça e mastigar é uma maneira do animal pedir desculpas e mostrar que não é uma ameaça e que se resigna a obediência. A mastigação e a cabeça baixa significam, por favor, deixem que eu me junte a vocês.
Quando a égua tirou os olhos dele ela estava passando a mensagem de que aceitava o sinal de submissão que ele havia dado e permitia que ele voltasse ao grupo.
Para um cavalo, ser isolado do grupo é muito triste, já que são animais sociais e gostam de companhia, precisam de um lí­der que eles considerem forte, respeitem, confiem e que possa proteger-los.
As ameaças podem ser percebidas mais rapidamente já que no grupo sempre vai ter algum que percebe o perigo e que sinaliza para os outros. Logo a manada inteira reage e se defende, estão mais seguros contra um ataque se estiverem dentro de um grupo e a sua chance de escapar é muito maior.

 

Com essa nova descoberta, Monty Roberts passou a pôr em prática seus conhecimentos criando uma nova técnica de doma, que permite domesticar até o mais selvagem dos Mustangues sem que haja stress ou trauma por parte do animal; além de ser um método muito mais rápido e eficaz do que os outros tipos de domas, que muitas vezes machucam os animais, fazem com que eles passem a sentir medo dos humanos e se tornem animais desconfiados com tudo a sua volta.
A doma Monty Roberts faz com que o cavalo se torne mais do que um animal pronto para montar, mas também o torna um grande amigo do homem, pois ele será um animal que passará a confiar inteiramente na sua montaria e passará a tratá-la como um membro do seu próprio grupo.
Apesar de algumas pessoas acharem que os cavalos não se apegam aos humanos, mas apenas o reconhecem, é porque nunca tiveram a oportunidade de observar um cavalo domado pela doma Monty Roberts e uma pessoa “brincando” juntos em um campo aberto.
Globo Rural reportagens sobre doma gentil de cavalos.

“A violência não é a resposta.”
Monty Roberts transformou essa frase em um mantra, é a marca registrada dele.
As pessoas vão até a fazenda para ver como Monty faz a doma. Doma não, porque ele aboliu essa palavra do vocabulário. Domar é amansar, brutalizar o animal de uma maneira bem violenta. O animal é caçado, laçado, estrangulado, espancado, quase explode de tensão. Tiram sangue e depois de muita humilhação, é montado na marra, cortado de espora para pular com o peão.
Agora veja Monty Roberts iniciando a doma de um potro em um redondel, usando sua técnica.
Veja como sua técnica é uma coisa bem diferente. “Olha, cavalinho: não vou fazer mal pra você, viu?” De manejo, o cavalo só conhece cabresto, de resto é xucro, nunca foi montado.
Monty o mantém solto para fazer o que chama de iniciação, um quebra gelo, cuja palavra-chave jamais pode ser o medo, a intimidação.
“No mundo natural, o cavalo é presa, e o primeiro instinto dele é me ver como predador. Se me aproximo, a tendência dele é tentar fugir, pois não é um caçador. É uma presa, um animal de fuga.”
Para aumentar a pressão, o máximo que Monty faz é atirar uma rédea acolchoada no traseiro do cavalo, que fica numa fuga em círculos por alguns minutos.
“Observem, agora, que ele vai começar a me dar sinais.” O método que Monty desenvolveu é baseado em sinais corporais, uma linguagem. Mais para frente ele conta como aprendeu. “Reparem que ele está lambendo e mastigando e começa a diminuir o círculo. Como correu, correu, e eu continuo aqui, não ataquei, nem nada, vê que posso não representar perigo. Daqui a pouquinho, ele deve abaixar a cabeça. Olha! Esse é um dos sinais mais importantes: significa que está querendo se comunicar comigo.”
Nesse momento Monty abaixa o olhar. O cavalo sente o predador retirando o foco da presa, sente o alívio da pressão. Ele se aproxima curioso, sem receio. Monty se movimenta de esguelha, devagar, de lado procurando se encostar de ré.
O cavalo vai atrás como se Monty Roberts tivesse um imã nas costas. “Percebam que qualquer movimento meu ele acompanha.” O cavalo parece encantado e acaba aceitando com calma o gesto que delicadamente Monty faz para lhe acariciar a cabeça. “Muito, muito bom! Bom menino que você é!”
Monty batizou esse momento de “join-up”, quer dizer: conjunção, encontro, união, associação. Como uma criança espontaneamente dando a mão para passear com um adulto, o cavalo segue o homem puxado por uma corda invisível: a confiança.
Feita a primeira conjunção, Monty tenta avançar na intimidade. Alisa bem para tirar cócegas das partes mais sensíveis, com jeitinho, vai levantando pata por pata, até colocar a sela – e aí o ambiente fica tenso. Será que vai conseguir?
Quem é do ramo deve notar que, apesar da guia firme, Monty se mantém extremamente tranqüilo para a situação. Age com toda a paciência do mundo. Não grita e fala sempre baixinho com o animal.
É natural que o cavalo fique ressabiado, assim. Afinal… “Esta é a primeira sela da vida dele. Uma coisa esquisita nas costas. Vou pedir que corra mais um pouco, para se acostumar. Quando abro a minha mão, imitando as garras de um predador, um coiote, um lobo da montanha, ele acelera. Depois recolho as garras, tiro a pressão do corpo e do olhar, me viro de lado e ele quer conversar comigo.”
Monty agradece a atitude do cavalo fazendo outro cafuné na cabeça. Como em um teatro vendo um drama muita gente se emociona. Uma senhora, Laura Gorral, deixou o redondel para chorar lá fora. “Eu já tinha assistido um videoteipe, mas assim, vendo de perto, é mais tocante ainda. Fico pensando em quem bate nos animais. Para quê? Não há necessidade de ser violento.”
“Por favor, você me permite colocar isso na sua boca? Garanto que não vai machucar”, pergunta Monty ao cavalo.
“É fantástica essa maneira de abordar o animal. Você não força o cavalo a nada. Ele faz as coisas não por imposição, mas por sua livre e espontânea vontade”, diz o empresário Peter O’Praits.
Depois você vai ver como é a seqüência da iniciação, que – acredite se quiser – dura menos de meia hora.
Monty desenvolveu esse novo sistema de adestramento na surdina, escondido do pai que era domador profissional. Um homem sistemático, violento também. Na primeira vez que Monty revelou o que vinha fazendo, sabe qual foi a reação? O pai pegou uma corrente que estava pendurada na cerca do curral e bateu nele. Espancou mesmo, de mandar para o hospital.
Globo Rural: “Quantos anos você tinha na época?”
Monty Roberts: “Eu tinha 16 anos. Ele gritava: ‘Que raio de filho estou criando?’ Não admitia que eu sem brutalidade alguma, em apenas meia hora, fizesse o que ele demorava seis, oito semanas para fazer. Meu pai amarrava os cavalos, dava pancada. Fazia da doma uma barbaridade. Dizia que era pra quebrar o queixo, quebrar o orgulho do animal.”
Globo Rural: “Quantas surras seu pai lhe deu batendo com corrente, assim?”

Monty Roberts: “Ele me batia com o que tivesse na mão, corda, cabo de enxada. Com corrente foram umas cinco ou seis. Eu ficava desacordado. No hospital, meu pai mentia dizendo que eu tinha caído do cavalo em cima de uma corrente. E você sabe que nunca tiraram raio-X de mim? Só muito mais tarde, com quase 50 anos, descobri fazendo uma tomografia que pelo meu corpo tenho 72 marcas de fraturas.”
Globo Rural: “Você devia odiar seu pai.” Monty Roberts: “Olha, eu me formei em psicologia, mas desde cedo eu entendi que ele também era uma vítima da criação que teve. Uma disciplina arcaica de controlar tudo pela violência. Ele apanhou muito, então repetia. Batia nos animais e em mim também para impor sua vontade.”
Globo Rural: “Você não amava seu pai?” Monty Roberts: “Não. De jeito nenhum. Desde os quatro anos, quando sofri a primeira surra, percebi que jamais amaria aquele homem. Eu o honrei e o respeitei, mas nunca pude amá-lo.”
Apesar da oposição do pai, no começo dos anos 60 o método de Monty Roberts ganha fama, vira praticamente um espetáculo aplaudido em toda parte. Monty já iniciou mais de 20 mil cavalos assim.
Ganhou centenas de prêmios, escreveu vários livros. Um delas, “O Homeme que Ouve Cavalos” já vendeu mais de cinco milhões de cópias mundo afora. Foi lido até pela rainha da Inglaterra, que se tornou amiga dele e determinou que a doma gentil fosse adotada na Grã Bretanha.

Fonte: Programa Globo Rural

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